RIO BRANCO
Bebê prematuro surpreende ao apresentar sinais de vida durante velório; neonatologista explica raro fenômeno

Rio Branco, Acre – Um caso inusitado chocou a comunidade de Rio Branco neste sábado, quando um bebê prematuro, declarado morto, manifestou sinais de vida durante o próprio velório. A neonatologista Mariana Colodetti, plantonista do Hospital da Criança, esclareceu em entrevista coletiva que essa ocorrência, embora rara, é reconhecida na literatura médica e já foi observada em outros países.
“Entendemos que é uma situação excepcional, mas que pode acontecer”, afirmou a médica. “Já existem relatos na literatura científica de casos semelhantes, e eu mesma vivenciei algo parecido durante minha graduação.”
O bebê, com apenas 23 semanas e 5 dias de gestação e pesando cerca de 520 gramas, foi levado de volta ao Hospital da Criança por uma equipe da funerária após a família perceber os sinais de vida durante o velório. Colodetti, que estava de plantão, relatou que a equipe médica prontamente iniciou os procedimentos de emergência ao receber o recém-nascido por volta das 10h da manhã.
“Trata-se de um bebê prematuro extremo, em uma faixa de altíssimo risco de mortalidade”, explicou a neonatologista. “Ele recebeu todo o suporte necessário, incluindo intubação, cateterismo umbilical e medicações.”
Atualmente, o bebê permanece entubado na UTI Neonatal, em estado grave, porém estável. A equipe médica garante que está prestando toda a assistência possível ao prematuro extremo.
Questionada sobre as possíveis causas do ocorrido, Colodetti ressaltou que ainda não é possível determinar o que aconteceu entre o parto e o momento em que o bebê apresentou sinais vitais. “Não conseguimos definir se realmente havia vitalidade, frequência [cardíaca], se parou e depois voltou. Tudo isso será apurado”, afirmou.
A médica informou que os protocolos e procedimentos da maternidade serão revisados para identificar eventuais falhas. “Tudo será revisto, com certeza os protocolos, para verificar se houve falha ou não. A criança está entubada, recebendo medicações e hidratação. Devido à extrema prematuridade, não conseguimos fazer acesso venoso comum”, explicou.
Os pais estão cientes da gravidade da situação e recebem o apoio da equipe médica e da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre).
“É claro que é um estado crítico e depende muito do bebê”, reforçou Colodetti. “Vale lembrar que é um prematuro extremo, de aproximadamente cinco meses e quinhentos e vinte gramas.”
Apesar da gravidade do caso, a neonatologista ressaltou que há relatos de bebês que sobreviveram a situações semelhantes. “São casos excepcionais, mas que podem acontecer. Já vivenciei um com desfecho bom, em que o bebê sobreviveu. São casos raros, mas possíveis”, concluiu.