RIO BRANCO
Com saúde em greve, 100% dos atendimentos ficam suspensos na Policlínica do Tucumã em Rio Branco
Em greve desde o dia 8 deste mês, os servidores da saúde do Acre seguem em mais um dia de manifestações e se concentram na Policlínica do Tucumã, em Rio Branco, onde foram suspensos 100% dos atendimentos. A medida gerou uma superlotação na unidade de saúde.
“Nenhum [atendimento], desde que nós chegamos aqui às 7h. Têm dois colegas aqui na unidade, mas com os ambulatórios estão fechados, nenhum agendamento e o movimento segue firme e forte”, disse o presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed), Guilherme Pulici.
Com a greve, o atendimento nas unidades continua restrito. Só casos de urgência e emergência e os internos, dos pacientes que estão em enfermarias, Unidades de Terapia Intensiva (UTI) que precisam de assistência estão mantidos. Os demais estão prejudicados, a parte eletiva, ambulatorial e de exames.
Na última semana, o governo informou que conforme foi pactuado com os sindicatos da área, já encaminhou os projetos do auxílio alimentação e o ATS (Auxílio Temporário de Saúde) dos servidores da Saúde para a Aleac, incluindo o quadro provisório em extinção – antigo Igesac. O governo disse ainda que a votação dos PLs, bem como a remessa dos outros projetos, irão ocorrer após a pauta ser destrancada (em razão dos vetos pendentes de apreciação).
Porém, o Sindicato dos Servidores em Saúde do Acre (Sintesac) informou que a greve continua e só deve ser suspensa assim que os Projetos de Lei entregues na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) sejam votados.
A assessoria de comunicação da Aleac informou que ainda não há previsão para que a votação ocorra porque a pauta está trancada, ou seja, há vetos para serem votados nas comissões e nesta semana iniciam as tratativas.
Os dois projetos que foram enviados para a Aleac são: Projeto de Lei para a criação do auxílio alimentação no valor de R$ 500 que tinha sido enviado, mas foi retirado por não contemplar os servidores do extinto Igesac e o Auxílio Saúde no valor de R$ 400.
“Um avanço que a gente tem que reconhecer é que eles protocolaram a etapa alimentação de R$ 500 e o auxílio saúde de R$ 400. O problema é que o que foi negociado com os trabalhadores é de que todos os trabalhadores receberiam, independente de estarem permutados com o município ou de licença legal e nos projetos quem estiver desta forma fica de fora. Vamos pedir a correção disso e quem tem dois dois contratos que receba pelos dois. No demais, o protocolo foi um avanço”, pontuou Adailton Cruz, presidente do Sintesac.
Fazem parte do movimento todas categorias da saúde como: enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, condutores de ambulância, parteiras e outros.
O governador Gladson Cameli anunciou um aumento de 5,42% no salário de servidores públicos estaduais, no último dia 11. No entanto, a categoria da Saúde diz que a medida não atende o que tinha sido acordado anteriormente.
“Essa proposta do governo com relação à reposição não é nem 40% do que ele tinha se comprometido com a Saúde, que seria de 14%. Então, os servidores não acataram e continuam em greve. Além disso, o auxílio saúde, que é uma vantagem para a gente, estamos solicitando que seja permanente e não temporário e até agora não tivemos uma resposta”, complementou Cruz.
Proposta do governo
Além do benefício geral que vai ser pago a todos os servidores de reajuste de 5,42% no salário, o governo também anunciou o pagamento de benefícios para a saúde estadual e educação, que estão em greve.
“Havia um compromisso do governo com todos os servidores da saúde que era encaminhar até o dia 10 o projeto de lei concedendo o auxílio alimentação no valor de R$ 500. Então, cumprimos esse compromisso enviando o PL para a Aleac. Concedemos também, a pedido deles, um auxílio saúde no valor de R$ 400 por um período de seis meses”, explicou Brandão.
Em relação ao concurso público, o secretário informou que também está em andamento e que a pauta já tramitou na Seplag e PGE e está em fase de elaboração de edital para contratação da empresa que fará o certame.
Após três dias de paralisação em junho do ano passado, os servidores suspenderam a greve na época depois que o governo se comprometeu a atender algumas reivindicações. Mas, segundo os sindicatos, até agora o governo não cumpriu praticamente nenhuma e o movimento só deve ser suspenso com efetiva ação por parte do estado.
◾Entre as medidas acordadas estão:
▪️Implementação do novo laudo técnico das condições do ambiente de trabalho. (Não cumprido)
▪️Publicação de concurso público efetivo até o fim de 2021. (Não cumprido)
▪️Encaminhamento para a Aleac no primeiro trimestre de 2022 da revisão inflacionária pelos índices do IPCA, dos períodos de 2020/2021 e 2021/2022. (Não cumprido)
▪️Pagamento de insalubridade de 20% de julho a dezembro de 2021 para os servidores que trabalham em ambiente insalubre. (Cumprido, mas não continuou sendo pago em 2022)
▪️Abono de falta dos servidores grevistas, entre outras demandas da categoria. (Cumprido)
▪️Análise da possibilidade da revisão inflacionária pelos índices do IPCA dos anos de 2019/2020 até 30 de setembro de 2021. (Não cumprido)
▪️Definição da etapa alimentação com os valores até 30 de setembro de 2021 e encaminhada para aprovação da Aleac no primeiro trimestre de 2022. (Não cumprido)
▪️Mesmo diante dos impedimentos para encaminhamento à Aelac, a conclusão da revisão do PCCR até 30 de setembro de 2021. (Não cumprido)
▪️Avaliação do impedimento para a concessão da licença prêmio e 6ª parte aos irregulares se comprometendo a finalizar a reanálise da impossibilidade em 60 dias. (Não cumprido)