RIO BRANCO
Comitê Chico Mendes repudia vandalismo em estátua do líder seringueiro
O Comitê Chico Mendes divulgou uma nota de repúdio nesta quarta-feira, 15, condenando o ato de vandalismo contra a estátua do líder seringueiro, assassinado em 1988 por defender a floresta e seu povo. A estátua, localizada na Praça do Seringueiro, no centro de Rio Branco, foi alvo de vandalismo pela segunda vez em menos de dois anos.
Em junho de 2022, a estátua já havia sido vandalizada, e em 2018, a figura da criança que representa o filho de Chico Mendes foi furtada. O Comitê reforça o compromisso com a memória de Chico e seus companheiros de luta pela floresta e anuncia a realização do Festival Jovens do Futuro, inspirado na carta deixada pelo líder, em setembro deste ano.
A ação criminosa contra a estátua de Chico Mendes demonstra uma falta de respeito à memória de um dos maiores líderes da luta ambiental brasileira. O Comitê Chico Mendes espera que as autoridades tomem medidas para garantir a proteção do monumento e que a sociedade acreana se una para defender a memória de Chico e seus ideais.
Nota de repúdio ao ato de vandalismo contra a estátua de Chico Mendes
Há exatamente um mês, o Comitê Chico Mendes estava comemorando o início de mais uma Semana Chico Mendes, uma edição especial e celebrativa dos 80 anos de nascimento do líder seringueiro. Após uma semana inteira de festividades, ações voltadas para o socioambientalismo e encontros com parceiros de outros estados – e conosco mesmos, no processo -, no dia 22, domingo, data em que aconteceu o assassinato do seringueiro que dá nome à nossa instituição, enchemos sua estátua na Praça dos Povos da Floresta, em Rio Branco, com velas e porongas com rosas.
O monumento sofreu na madrugada desta quarta-feira, 15, mais um ataque. Desta vez, arrancaram suas mãos. Não é a primeira vez. Em julho de 2022, o patrimônio foi arrancado e derrubado ao chão. Foi necessária uma revitalização, realizada pela Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), que veio a ficar pronta em novembro de 2023. Em 2018, o menino que acompanhava Chico na escultura também foi furtado e levado, deixando o líder sindicalista sozinho na Praça.
Angela Mendes, filha mais velha de Chico e presidenta do Comitê, declara que acredita que, sim, parece uma ameaça direta a quem defende a causa:
“Pois, para mim, parece que seja algo além da simples depredação de patrimônio público, o que em si já seria um crime, mas sinto como se fosse uma mensagem clara e contundente de que o latifúndio está cada vez mais vivo e mais forte no outrora Estado da Florestania. Iremos denunciar e registrar um boletim de ocorrência e, diferente da primeira vez, esperamos uma resposta à altura dos órgãos de segurança e do Ministério Público”, declara.
Vandalismo é crime. De acordo com o artigo 163 do Código Penal brasileiro, o autor do delito fica sujeito a prisão e multa por danos ao patrimônio público. A pena varia de seis meses a três anos de detenção, além das agravantes. Atentar contra a imagem de Chico, em um ano tão simbólico como o ano em que o nosso país sediará a COP30, é atacar ideais, lutas, vozes e sonhos por um mundo mais justo e verde.
Repudiamos essa violência, ainda mais em um local de ampla movimentação e com monitoramento policial. A estátua é um patrimônio público e o cuidado com a escultura perpassa por diversos setores da sociedade. Urge uma investigação do caso. Afinal, um atentado a Chico é sempre uma ameaça aos valores que buscam transformar a situação de desequilíbrio climático que vivemos atualmente.
O Comitê Chico Mendes se coloca à disposição para sanar quaisquer dúvidas. Relembramos nosso compromisso com a memória de Chico, suas companheiras e companheiros. Neste ano, continuaremos na defesa da floresta, celebrando e discutindo nossas vozes. Em 6 de setembro, teremos mais uma edição do nosso “Festival Jovens do Futuro”, inspirado pela carta de Mendes. Também estaremos presentes na COP30, no Pará, levando nossas preocupações e reivindicações para as lideranças presentes e para o mundo. Em dezembro, entre os dias 15 e 22, a Semana Chico Mendes volta, em Xapuri e Rio Branco, com mais parceiros e encontros que reverberam os empates dos seringais. Tentam nos calar, arrancam nossas mãos, mas não podem tirar nossa resistência.