RIO BRANCO
Em novo protesto devido a atrasos, motoristas de ônibus fazem paralisação em Rio Branco
A paralisação durou cerca de 30 minutos e os carros que ficaram retidos na garagem começaram a circular após negociação.
Os motoristas de ônibus da capital acreana, Rio Branco, voltaram a protestar na madrugada desta segunda-feira (3) e alguns carros não saíram da garagem, e deixaram de fazer a primeira viagem, segundo informou o presidente do Sindicato dos Transportes do Acre (Sinttpac), Francisco Marinho. A reivindicação é devido as diárias atrasadas.
“Parou apenas o balão das 5h e voltou logo em seguida. Teve uma negociação e já voltaram a trabalhar. Tem as diárias atrasadas e o pedido é que o pagamento volte para a folha, mas já voltaram a trabalhar”, explicou Marinho.
Ainda conforme Marinho, fizeram parte da paralisação os trabalhadores de duas empresas. “Via Verde e São Judas Tadeu, mas eles só perderam uma volta no ônibus e por voltas das 5h30 eles já voltaram a circular”, acrescentou.
O diretor de Transportes da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans), Clendes Vilas Boas, disse que a prefeitura atua para tentar amenizar a crise do transporte público na capital.
“Não houve entendimento deles em relação às diárias e há dificuldade para receber. A gente já tinha tomado conhecimento desse problema, o sindicato já tinha fiscalizado e vamos receber um ofício para que a gente intervenha junto às operadoras para evitar mais esse caos em relação ao transporte. Os funcionários fizeram essa paralisação, mas entraram em acordo e logo em seguida voltaram ao normal”, disse.
O g1 não conseguiu contato com o Sindicol nem com o representante das empresas até a última atualização desta reportagem.
Intervenção
Após decretar situação de emergência no transporte público, o prefeito Tião Bocalom publicou, no dia 22 de dezembro do ano passado, o decreto de intervenção operacional e financeira no Sistema Integrado de Transporte Urbano de Rio Branco (Siturb) e no Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Estado do Acre (Sindcol).
O decreto, publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), tem validade de 120 dias e pode ser prorrogado por igual período. Durante estes quatro meses de transição, determina que as empresas são obrigadas a manter as frotas em circulação.
“A intervenção ocorre pelo descumprimento das concessionárias no adimplemento de suas obrigações tributárias, previdenciárias e trabalhistas, bem como as péssimas condições de prestação dos serviços e afasta toda e qualquer ingerência do Sindicol ou das concessionárias na administração dos bens e serviços prestados pelo Sindicol e faculta a requisição pelo município, de todo acervo material, bem como de todo pessoal necessário à execução eficiente do sistema de geração de créditos, venda, recebimento, controle e repasse dos créditos tarifários do Siturb”, diz o decreto.
Atuam no sistema de transporte da capital as empresas Auto Viação Floresta e o Consórcio Via Verde, formado pelas empresas São Judas Tadeu e Via Verde, conforme contrato 004/2004. Ainda em dezembro, deixaram de circular ônibus de pelo menos oito linhas (Amapá; Seis de Agosto/Judia; Belo Jardim I e II; Irineu Serra; Bahia/Carandá; Cabreúva/Aeroporto Velho; Floresta; Wanderley Dantas.)
Com essa suspensão, Tião Bocalom decretou situação de emergência e anunciou contratação de outras empresas para prestar o serviço em Rio Branco.
Nesta segunda, Vilas Boas disse que das oito linhas que tiveram as atividades suspensas, pelo menos três voltaram a circular e que o serviço deve ser normalizado ainda nesta semana. As que voltaram foram Cabreúva/Aeroporto Velho; Carandá e Belo Jardim passando apenas por fora do Bairro e as demais seguem prejudicadas.
“As oito linhas voltaram parcialmente e deve retornar completamente na data da amanhã [terça-feira, 4]. Uma operadora que tem um percentual menor vai assumir e começar a operar ainda esta semana e a previsão é amanhã”, explicou.
Vilas Boas disse que os detalhes devem ser repassados pelo prefeito em uma coletiva de imprensa que deve ocorrer nesta segunda.
Crise no transporte público
A crise no transporte público em Rio Branco se arrasta desde 2020. Assim que assumiu, Bocalom afirmou que não iria repassar nenhum valor extra para as empresas de ônibus que atuam na capital e que elas deveriam arcar com os prejuízos que tiveram durante a pandemia.
O posicionamento do prefeito se deu porque a gestão anterior, de Socorro Neri, chegou a cogitar o pagamento de um aporte financeiro de R$ 2,5 milhões para essas empresas.
Após essa decisão de Bocalom, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Acre (Sindcol) chegou a entrar com uma ação para tentar receber o valor, mas a Justiça do Acre indeferiu o pedido.
Em meio à essa crise, motoristas de ônibus fizeram protestos, paralisaram atividades e a população precisou buscar outras alternativas para o transporte. No entanto, após várias manifestações, os trabalhos da categoria foram retomados.
Em setembro deste ano, os vereadores começaram os trabalhos de escolha dos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do transporte público municipal. A CPI, que é responsável por apurar os problemas relacionados ao transporte na capital, só deve ser retomada em 2022.
Na última semana, os motoristas de ônibus fizeram uma paralisação, no Terminal Urbano. A categoria alegava que estar com os salários dos meses de outubro, novembro e décimo terceiro atrasados. O serviço só foi normalizado apenas na parte da tarde.
Redução de passagem e aporte
Em outubro, o novo valor da passagem de ônibus foi para R$ 3,50. A tarifa foi reduzida após indicação do Conselho Municipal de Transportes Públicos do Município de Rio Branco e a sanção do prefeito Tião Bocalom.
A lei sancionada dependia da aprovação de um outro projeto, que ocorria de forma paralela, e foi publicado na semana passada. A lei que autoriza o repasse de mais de R$ 2,4 milhões para as empresas de ônibus para o pagamento em atraso dos trabalhadores.