Estudo inédito revela mudanças nos padrões de crimes relacionados a drogas no Acre; Rio Branco ainda lidera, mas interior ganha destaque

Rio Branco, AC – Uma análise, baseada em dados do Observatório de Análise Criminal do Ministério Público do Acre (MPAC), lança luz sobre as dinâmicas em constante mutação dos crimes envolvendo drogas no estado entre 2020 e julho de 2025. O levantamento inédito revela flutuações significativas nos números de ocorrências, além de mudanças nos padrões temporais, dias da semana e distribuição geográfica desses delitos.

Os dados anuais de ocorrências entre 2020 e 2024 mostram um cenário instável. Após um aumento expressivo de 33,5% em 2021, atingindo o pico de 2.595 casos, houve uma queda de 12,5% em 2022, seguida por uma leve alta em 2023. Em 2024, os registros voltaram a cair, com uma redução de 12,4% em relação ao ano anterior.

A análise dos dados de janeiro a julho de cada ano revela um padrão semelhante, com um aumento notável em 2021, seguido por quedas e recuperações nos anos subsequentes. Em 2025, até julho, observou-se um aumento de 4,7% em comparação com o mesmo período de 2024, indicando uma possível retomada do crescimento nas ocorrências.

A distribuição mensal em 2025 apresenta um padrão irregular, com maio liderando o número de casos, seguido por julho, março e abril. Essa variação sugere a influência de fatores sazonais ou operações policiais intensificadas em determinados períodos.

A análise por turno do dia revela que o período noturno é consistentemente o de maior incidência de crimes relacionados a drogas, com percentuais que chegam a 42,97% em 2021. Em 2025, até julho, 41,57% dos casos ocorreram à noite, seguidos por 31,02% no período vespertino. Os dados indicam uma leve predominância do período noturno nos anos mais recentes, enquanto em 2022 a distribuição foi mais equilibrada entre tarde e noite.

A análise dos dados por dia da semana não revela um padrão fixo. Em 2020, os sábados foram os mais frequentes, enquanto em 2021 as quintas-feiras lideraram. Em 2022 e 2023, as sextas-feiras predominaram, e em 2024, sextas e sábados se destacaram. Em 2025, até julho, as quintas-feiras registraram a maior frequência, seguidas por sábados e sextas. Essa variabilidade sugere que fatores externos, como operações policiais ou dinâmicas do crime organizado, podem influenciar a distribuição semanal.

Rio Branco continua sendo o município com o maior número de ocorrências em todos os anos, com percentuais que chegam a 83,12% em 2020. Em 2025, até julho, 60,62% dos casos foram registrados na capital, um valor próximo à média dos anos anteriores. No entanto, outros municípios como Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá e Feijó também apresentam participações relevantes, com variações ao longo dos anos. Em 2025, Tarauacá e Sena Madureira se destacam com percentuais próximos, indicando uma distribuição mais equilibrada fora da capital.

A análise dos dados revela a complexidade e a dinâmica dos crimes relacionados a drogas no Acre. As flutuações nos números de ocorrências, os padrões temporais variáveis e a distribuição geográfica diversificada exigem uma abordagem estratégica e adaptável por parte das autoridades e da sociedade civil.

Os resultados deste estudo inédito podem subsidiar a formulação de políticas públicas mais eficazes, o planejamento de operações policiais e a implementação de ações de prevenção e tratamento. É fundamental que as autoridades continuem monitorando e analisando os dados, buscando compreender as causas e os fatores que influenciam a criminalidade relacionada a drogas no estado.