RIO BRANCO
Novas acusações de maus-tratos contra mãe que perdeu filhos em incêndio trágico
No dia 22 de junho deste ano, a 1ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco recebeu uma nova denúncia contra Josiane Evangelista Monteiro, mãe de três crianças que morreram carbonizadas em uma tragédia ocorrida em 2020. Desta vez, a denúncia é por maus-tratos contra outro filho.
Segundo informações prestadas pelo pai da criança em seu depoimento à polícia, Josiane estava embriagada e caminhando em via pública com o filho no colo quando, em determinado momento, teria jogado a criança no chão e ameaçado se jogar da ponte com ele.
No início do ano, Josiane já havia sido denunciada por maus-tratos contra o mesmo filho, que na época tinha apenas 5 meses. O pai da criança também acionou a polícia nessa ocasião. Durante as investigações, foi revelado que Josiane havia deixado seu filho aos cuidados de duas menores de idade para sair e beber.
No interrogatório, Josiane admitiu ter deixado a criança aos cuidados de sua sobrinha adolescente para ir consumir bebida alcoólica em um bar, mas negou ter jogado o filho no chão e ameaçado se jogar com ele no Rio Acre. Ela passou por uma audiência de custódia e foi colocada em liberdade provisória, porém com o uso de monitoramento eletrônico e medidas protetivas de afastamento da criança.
A nova denúncia por maus-tratos resultou em Josiane se tornando ré no processo. A última manifestação registrada foi uma declaração de atendimento do Segundo Conselho Tutelar, em setembro, informando que recebeu os pais do bebê e que o pai alegou que a denúncia “não passou de uma mentira” para se vingar da mulher, que também o teria denunciado no ano anterior.
No dia 19 de dezembro de 2020, uma tragédia abalou a cidade quando Jociane Evangelista Monteiro deixou seus três filhos, Caio, Diogo e Vitoria Sofia, trancados em casa para ir a um bar. Infelizmente, um incêndio ocorreu e as três crianças perderam suas vidas de forma trágica, sem que os vizinhos pudessem ajudar.
Jociane foi presa e levada à Delegacia de Flagrantes, porém, após uma audiência de custódia realizada no dia seguinte, foi liberada mediante medidas cautelares. Ela deve responder pelo crime de abandono de incapaz. A suspeita é que o incêndio tenha sido causado por um curto-circuito em um ventilador, embora a perícia ainda não tenha confirmado essa informação.
Em abril do ano passado, a Polícia Civil do Acre solicitou a exumação dos corpos de Caio e Diogo Evangelista Monteiro para obter novas amostras biológicas. Isso ocorreu porque as análises de DNA realizadas nos restos mortais das crianças não revelaram vínculo genético com o material fornecido pela mãe.
No entanto, no caso da terceira vítima, Vitoria Sofia, foi possível identificar a presença de DNA para análise. Após o pedido da polícia, o Instituto de Análises Forenses informou que não seria necessário exumar o corpo de Diogo Evangelista. Assim, em 20 de abril de 2022, foi realizada a exumação do cadáver de Caio e coletado o material necessário. O laudo confirmou que Jociane é a mãe biológica do doador da amostra.
Com base nesse resultado, uma nova audiência de instrução e julgamento foi marcada para 12 de dezembro deste ano. A Defensoria Pública do Estado indicou duas novas testemunhas de defesa, que serão intimadas para depor durante o processo.