RIO BRANCO
Professora da Ufac adota trabalho remoto após ameaças de aluno e cobra providências da universidade

A professora Danila Torres de Araújo Frade Nogueira, coordenadora do curso de Bacharelado em Nutrição da Universidade Federal do Acre (Ufac), adotou o regime de trabalho remoto após sofrer ameaças, assédio e perseguição por um aluno. A decisão, comunicada oficialmente em 30 de julho de 2025, segue uma série de incidentes que, apesar de denunciados à universidade, permanecem sem solução definitiva.
O início dos problemas ocorreu em 3 de janeiro de 2025, após a professora indeferir um pedido de segunda chamada de avaliação do aluno. Ele reagiu com uma ameaça direta: “Cuidado, eu sei por onde a senhora anda”. A professora registrou boletim de ocorrência e notificou a Ufac, que abriu um processo administrativo em 26 de maio, ainda sem resolução. O aluno, entretanto, continua frequentando o curso normalmente.
A situação se agravou com o descumprimento de uma suspensão preventiva do aluno, que retornou à universidade e protagonizou novos conflitos, incluindo ameaças a outros servidores, como a técnica administrativa Andréa Rodrigues. Este incidente gerou outro processo administrativo em março, também sem definição.
A professora relata pelo menos quatro processos administrativos contra o aluno, envolvendo embriaguez, ameaças, coerção e comportamentos inapropriados, principalmente contra mulheres. Alguns desses processos estão paralisados há meses ou anos. Em 18 de maio, ela recebeu um vídeo do aluno em seu telefone pessoal, fora do horário de trabalho, considerado mais uma tentativa de assédio.
Diante da inércia da universidade, a professora solicitou medidas imediatas, incluindo a restrição de acesso do aluno à coordenação e secretaria do curso, suspensão cautelar com base na Lei nº 8.112/90, apoio jurídico da Ufac, e a retomada dos processos administrativos paralisados. Até o momento, a única ação efetiva foi o envio de um ofício à Polícia Federal em 10 de junho.
A professora contextualiza sua situação com o alarmante cenário de violência de gênero no Acre, citando dados do Ministério Público Estadual que registram 81 feminicídios e 158 tentativas de janeiro de 2018 a junho de 2025. Ela manterá o trabalho remoto até que a Ufac tome providências e garante que renunciará ao cargo de coordenadora se não houver garantias de segurança. A situação expõe a fragilidade da proteção a docentes em casos de violência e assédio dentro do ambiente acadêmico.
