RIO BRANCO
Professores da Universidade Federal do Acre decidem entrar em greve a partir de maio
No dia 13 de março, a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac) realizou a segunda Assembleia Geral Ordinária de 2024, marcando um importante momento na história da instituição. Durante a assembleia, foi aprovada a construção de um movimento de greve, com indicativo para o próximo mês de maio. Essa decisão reflete a determinação dos professores em busca de melhores condições de trabalho e valorização profissional.
As discussões na assembleia envolveram questões tanto de ordem nacional quanto local. Os professores da UFAC estão alinhados com a proposta de uma greve unificada no funcionalismo público federal em 2024, conforme deliberado no 42º Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), realizado entre 26 de fevereiro e 1º de março.
A presidente da Adufac, Letícia Mamed, ressaltou a importância de amadurecer o movimento e mobilizar a categoria para que a greve seja efetiva. Ela destacou que, apesar das particularidades do calendário acadêmico da universidade, que ainda está sendo regularizado desde a pandemia, as discussões e atividades de mobilização serão retomadas na segunda quinzena de abril.
Dentre os motivos que levaram à deliberação da greve está a ausência de resposta do governo à contraproposta da bancada sindical para a reposição das perdas salariais. Enquanto os docentes enfrentam um arrocho salarial de 22,71%, considerando apenas a inflação do governo Temer até o final do governo Lula, o governo propôs um reajuste de 0% em 2024 e apenas 9% parcelados em 2025 e 2026. Além disso, não houve avanço nas negociações sobre a reestruturação da carreira docente e o governo não acatou a solicitação de equiparação de benefícios entre servidores dos Três Poderes.
A precarização das condições de trabalho e o subfinanciamento das universidades federais também são questões que preocupam os professores da UFAC. Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou que todas as universidades federais receberam valores inferiores ao necessário para manter o patamar de despesas por matrículas entre 2010 e 2022.
Diante dessa postura vergonhosa do governo federal, os docentes da UFAC decidiram que é hora de intensificar a mobilização e lutar pelos seus direitos. A votação pela construção da greve já no primeiro semestre de 2024 é uma resposta direta à recusa do governo em negociar com a categoria. O presidente do ANDES-SN, Gustavo Seferian, ressaltou a importância dessa decisão histórica, destacando a necessidade e a urgência de mobilização da categoria.
Além dos professores, os servidores técnicos-administrativos da UFAC também estão em paralisação por tempo indeterminado, reivindicando a reposição das perdas salariais e uma reestruturação nas carreiras. Essa união de forças demonstra a determinação e o compromisso dos profissionais em busca de melhores condições de trabalho e valorização.
Apesar da paralisação dos técnicos-administrativos, as aulas na UFAC não serão afetadas após o recesso, que está marcado para abril. No entanto, os professores já agendaram uma assembleia para discutir demandas e encaminhamentos.