Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.
RIO BRANCO
Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

RIO BRANCO

Promotor do Acre aciona Justiça para garantir melhoria na situação do Presídio de Sena Madureira

Publicado em

Foto: Ilustrativa

Sena Madureira, AC – O Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC) ingressou com uma ação civil pública contra o governo estadual, exigindo medidas urgentes para solucionar a crise na Unidade Penitenciária de Sena Madureira (UPEM). A iniciativa visa obrigar o Estado a convocar imediatamente policiais penais aprovados no último concurso, além de implementar melhorias estruturais na unidade.

Contexto da Denúncia

Continua depois da publicidade

A ação foi motivada por denúncia anônima recebida via WhatsApp, que apontava para a insuficiência de efetivo na penitenciária, mesmo com o concurso público realizado desde 2023. Durante inspeção presencial, o Ministério Público confirmou a situação alarmante, constatando que o banho de sol, que deveria ocorrer diariamente, é realizado apenas três vezes por semana devido à falta de policiais.

Relatórios oficiais do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), produzidos pelo Grupo de Monitoramento do Sistema Carcerário, reforçam o quadro de precariedade, evidenciando que a unidade possui um efetivo insuficiente de servidores, o que compromete direitos básicos dos internos, como o acesso ao banho de sol, acompanhamento psicossocial e segurança na movimentação interna.

Continua depois da publicidade

O órgão de fiscalização aponta ainda que motoristas continuam atuando como policiais penais, contrariando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na ADI 7229, que proíbe o desvio de função. Além disso, a equipe de saúde da unidade é insuficiente, contando apenas com uma psicóloga contratada temporariamente pela prefeitura, enquanto o repasse de recursos do convênio PNAISP apresenta irregularidades.

Segundo o MP-AC, a situação representa uma violação massiva de direitos fundamentais, configurando um “estado de coisas inconstitucional” no sistema prisional, conforme reconhecido pelo STF. Entre as principais violações estão a falta de profissionais para cumprir a Lei de Execução Penal, a ausência de equipe adequada para a movimentação segura dos presos e a insuficiência de recursos para garantir saúde, alimentação e condições dignas de permanência na unidade.

O Ministério Público solicita que a Justiça determine, em até 30 dias, a convocação e nomeação de pelo menos 20 policiais penais aprovados no concurso de 2023, para atuar exclusivamente na UPEM. O reforço de efetivo visa criar um Grupo de Intervenção com 16 agentes — unidade que ainda não possui esse grupo —, além de ampliar o número de vagas para reeducandos que desejam concluir o ensino básico de 40 para 80 alunos, e garantir o banho de sol diário de duas horas, visitas e demais direitos previstos na Lei de Execução Penal.

Continua depois da publicidade

Outro ponto importante é a regularização do sistema de abastecimento de água, com fornecimento mínimo de três vezes ao dia, em horários fixos. Em caso de descumprimento, o MP pede a aplicação de multa diária de R$ 10 mil.

Na ação, o órgão de fiscalização também requer que o Estado do Acre seja condenado a garantir a convocação de todos os aprovados necessários para atender às demandas da unidade penitenciária de forma permanente, podendo ultrapassar o número inicialmente solicitado. Além disso, solicita a implementação de uma equipe multidisciplinar fixa, composta por médico, odontólogo e assistentes sociais, além de melhorias na alimentação, fornecimento de medicamentos, regularização do fornecimento de colchões e água potável, melhorias na recepção de visitantes e a instalação de programas de remição por leitura e estudo.

Continua depois da publicidade

O Ministério Público pede ainda a citação do Estado, a inversão do ônus da prova, a produção de todas as provas necessárias e a condenação ao pagamento de custas processuais, cujo valor atribuído à causa é de mais de um milhão de reais (R$ 1.047.840,00).

A ação do MP-AC reforça a urgência de ações concretas para garantir os direitos dos internos e melhorar as condições do sistema penitenciário no Acre, diante de uma crise reconhecida nacionalmente e que demanda medidas imediatas de fiscalização e intervenção.

Continua depois da publicidade
Propaganda
Advertisement