RIO BRANCO
Tarifa americana sobre carne bovina: Acre blindado, mas com alerta para efeito dominó

A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo carne bovina, não afetará diretamente o Acre. A ausência de frigoríficos acreanos habilitados para exportação para o mercado norte-americano isenta o estado do impacto direto dessa medida. No entanto, o Acre não está imune às consequências indiretas.
O impacto negativo se dará através de um “efeito dominó”, resultante da redução das exportações brasileiras para os EUA, o segundo maior comprador de carne bovina do país. Nos primeiros cinco meses de 2025, 23% das exportações brasileiras (uma tonelada a quase US$ 6,8 mil) tinham como destino os EUA. Com a sobretaxa, a carne brasileira perde competitividade nesse mercado.
A consequência previsível é um aumento da oferta interna de carne bovina, pressionando os preços para baixo em todo o Brasil. Como o Acre já possui o menor preço da arroba do país, essa pressão adicional pode impactar negativamente os pecuaristas acreanos, mesmo sem envolvimento direto nas exportações para os EUA. Estados como SP, RJ, MG, ES, RS, SC, PR, PA, GO, BA, MS, MA e CE, principais exportadores para os EUA no primeiro quadrimestre de 2025 (segundo o Siscomex), serão os mais afetados diretamente.
A medida anunciada pelo presidente norte-americano representa uma ameaça significativa para o setor, considerando que as exportações para os EUA representaram 18,2% do faturamento do setor nos cinco primeiros meses de 2025 (dados da Associação Brasileira de Frigoríficos). Para os produtores acreanos, a situação se configura como um risco latente, com potencial para afetar significativamente a rentabilidade da atividade pecuária.
