Unimed não chamou famílias para explicar mudanças, diz pais de crianças assistidas pelo plano de saúde

Os pais de pacientes que realizam terapia por meio do plano de saúde da Unimed relatam que não foram, em momento algum, procurados pela prestadora de serviço para informar a mudança e os descrendeciamentos.

É o que relata o advogado Thalles Vinícius de Souza Sales, pai do José Sales, 9 anos, diagnosticado com Transtorno do Especto Autista (TEA).

“Nós, pais e mães autistas, recebemos com muita surpresa e indignação a informação de que algumas clínicas estão sendo descredenciadas pela Unimed. Surpresa porque a Unimed não nos comunicou formalmente, em nenhum momento nos chamou para abrir qualquer canal de diálogo pra fazer qualquer tipo de planejamento em relação aos tratamento e terapias que os nossos filhos e filhas fazem. Então isso, realmente, nos deixou muito revoltados, somente agora que nós começamos um movimento na quinta e sexta-feira e que vem tomando o corpo nas redes sociais, e também em grupo de Whatsapp, foi que a Unimed começou a soltar algumas informações no seu perfil oficial. Mas não permite nem que a gente comente. Porque são muitas coisas que estão envolvidas. Tem tem uma cúmulo de pessoas que estão esperando, por exemplo, tratamento com fonoaudiólogo e não tem”, diz o pai.

Thalles também destaca outra preocupação dos pais com a mudança de equipe para o atendimento.

“Nós temos vários questionamentos em relação à qualidade técnica da equipe que esta sendo colocadas no centro de atendimento deles, na clínica que eles que eles estão abrindo pra isso. Nosso sentimento é de revolta, de indignação, de muita insegurança, porque os nossos filhos, eles têm uma dificuldade de interação social, então às vezes para se adaptar a um novo terapeuta isso leva meses e causa um atraso no desenvolvimento. Então a gente já acionou o Ministério Público, estamos aguardando as providências”, diz o advogado.

A reportagem também conversou com a presidente da Família Azul do Acre, Heloneida da Gama, que relatou o desconforto que o descredenciamento causou para as famílias por várias questões.

“O descredenciamento acredito que tornou-se um desconforto para muitas famílias pelo fato que para encaixar horários nas clínicas, onde a família possa acompanhar já é uma caminhada longa. Outra preocupação das famílias e sobre as horas de terapias recomendadas e como será feito. Muitos colocam expectativas, anseios das superações nas idas aos profissionais especiliazados e capacitados. A Unimed, infelizmente, deixou a desejar na hora de chamar todos ou pequenos grupos e explicar o que seria feito. Alguns autistas quebraram a rotina e está muito difícil adapta-se com os novos profissionais”, disse a presidente.

Heloneida frisa outro detalhe importante que é o fato de muitas famílias optarem por pagar o plano de saúde por acreditar que seja a melhor opção.

“No Sus, as vagas para terapias são intensas, no centro municipal de Rio Branco fala-se em 1500 na lista de espera e no CER III fala-se em 3 mil pessoas. Muitos deixam de viver ou comer para pagar um plano de saúde, para ter uma qualidade de vida para os filhos. Espero que a Unimed entenda as famílias, porque estamos falando do bem mais precioso que temos”, diz.

Na última terça-feira, 11, o Ministério Público do Acre (MPAC) realizou uma vistoria no Instituto Unimed Terapias, após receber reclamações de familiares de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Síndrome de Down, pessoas com deficiência e outros casos.

Segundo o órgão, promotor de Justiça Dayan Albuquerque, titular da 1ª Promotoria Especializada de Defesa do Consumidor, solicitou a vistoria para avaliar as condições do espaço, a capacidade de atendimento e a qualificação dos profissionais que trabalham no local. Após essa visita será elaborado um relatório com as informações coletadas e o documento será encaminhado à 1ª Promotoria de Defesa do Consumidor.