SAÚDE
Mortes caem entre adolescentes e crescem em crianças não vacinadas
Um novo estudo conduzido pelo Instituto Leônidas & Maria Deane, da Fiocruz, pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) reforça a importância da vacinação para reduzir as mortes de adolescentes e crianças pela Covid-19. Analisando dados do início do ano, quando a variante Ômicron provocava recordes de casos no Brasil, os pesquisadores constataram uma redução significativa nos óbitos daqueles entre 12 e 17 anos, faixa etária que havia se tornado elegível para a vacina nos meses anteriores, em comparação com o pior momento de 2021. Por outro lado, observaram um aumento significativo nas mortes de menores de 12 anos, público que ainda não havia recebido as primeiras doses do imunizante.
“Nos adolescentes de 12 a 17 anos, vacinados ainda em 2021, observamos uma queda significativa de 40% na mortalidade por Covid-19 no período mais crítico da terceira onda, de 23 de janeiro a 12 de fevereiro de 2022, em comparação com o período mais crítico da segunda onda (14 de março a 3 de abril de 2021)”, explica o epidemiologista da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana, em comunicado.
No entanto, embora as duas doses tenham garantido uma diminuição das mortes nos acima de 12 anos, entre as crianças de 5 a 11 anos – público que recebeu o aval da Anvisa para ser imunizado em dezembro de 2021, mas teve o início da campanha pelo Ministério da Saúde apenas na segunda metade de janeiro – os óbitos cresceram, um aumento de 74%.
Os responsáveis destacam que o público menor de 5 anos também enfrentou um crescimento das mortes no início do ano, de 82% nos de 2 a 4 anos e de 52% nos de até 1 ano. Agora, que o Brasil enfrenta uma nova onda, eles acreditam que a tendência é que esse aumento se repita pela faixa etária ainda não ser contemplada pela vacinação. No Brasil, os menores de 5 anos são os únicos ainda não elegíveis para receber o imunizante.
“Observaram-se padrões opostos na mortalidade por Covid-19 no Brasil, com crianças majoritariamente não vacinadas ou insuficientemente protegidas pela vacinação em massa de um lado, e apresentando taxas de mortalidade iguais ou maiores do que em fases anteriores da epidemia e, de outro, consistente e forte padrão de queda em indivíduos incluídos na campanha nacional de vacinação”, analisa Orellana.
Essa redução de 40% observada entre os adolescentes pode ser ainda maior agora, já que eles se tornaram elegíveis à terceira dose da vacina. Isso porque estudos mostram que, no contexto da variante Ômicron, o reforço é imprescindível para prevenir desfechos graves.
Em relação à ampliação das faixas etárias, os Estados Unidos deram início recentemente à campanha para bebês a partir de 6 meses. Porém, a Pfizer/BioNTech, responsável pela vacina, ainda não solicitou aprovação para uso no Brasil, movimento que deve ser realizado em breve, segundo a farmacêutica. Há ainda a análise da Anvisa em andamento sobre o uso da CoronaVac para crianças a partir de 3 anos no país.
Os pesquisadores ressaltam que os resultados comprovam o papel da vacinação e chamam atenção para os riscos de crianças que já podem ser imunizadas, mas ainda não completaram o esquema vacinal. O estudo foi aceito para publicação e em breve estará disponível na revista Cadernos de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/ Fiocruz).