Pesquisar
Close this search box.
RIO BRANCO
Pesquisar
Close this search box.

SAÚDE

Unicef: vacinação infantil tem maior retrocesso em 30 anos

Publicado em

Unicef alerta para queda nas taxas de vacinação infantil
Pixabay

Unicef alerta para queda nas taxas de vacinação infantil

Dados oficiais publicados nesta sexta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertam para o maior retrocesso nas taxas de vacinação infantil nos últimos 30 anos. 

Continua depois da publicidade

Para as instituições, o declínio é associado a fatores como o aumento da desinformação no contexto da pandemia da Covid-19, os desafios logísticos pela emergência sanitária e o número crescente de crianças que vivem em áreas de conflito e vulnerabilidade.

“Esse é um alerta vermelho para a saúde infantil. Estamos testemunhando a maior queda contínua na imunização infantil em uma geração. As consequências serão medidas em vidas”, ressalta a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, em comunicado.

Um dos exemplos da queda é a cobertura vacinal das três doses da vacina conhecida como tríplice bacteriana, a DTP3, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Entre 2019 e 2021, a taxa de imunização caiu 5%. 

Embora especialistas preconizem uma cobertura próxima a 90%, esse percentual foi de 81% no último ano – o mais baixo desde 2008. De acordo com os dados das organizações, isso significa 25 milhões de crianças no mundo sem uma ou mais doses da DTP3 em 2021, seis milhões a mais que em 2019.

No Brasil, o cenário é ainda pior que a média mundial. Segundo dados coletados no DATASUS, plataforma do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal com a tríplice bacteriana em crianças foi de apenas 62,97% em 2021, e neste ano segue em baixa, em apenas 34,55%.

“Embora uma ressaca pandêmica fosse esperada no ano passado, como resultado das interrupções e lockdowns da Covid-19, o que estamos vendo agora é um declínio contínuo. A Covid-19 não é desculpa. Precisamos recuperar a imunização das milhões de crianças que perderam suas vacinas, ou inevitavelmente testemunharemos mais surtos, mais crianças doentes e maior pressão sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados”, complementa Catherine.

Continua depois da publicidade

As organizações destacam ainda que, entre essas 25 milhões de crianças no mundo que não completaram a imunização da DTP3, 18 milhões não receberam nem a primeira dose, sendo a grande maioria aquelas que vivem em países de média e baixa renda. De acordo com o relatório, os com piores coberturas são Índia; Nigéria; Indonésia; Etiópia e Filipinas.

Além da DTP3, outra vacina cuja cobertura preocupa as autoridades é a contra a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Trata-se de um imunizante importante que protege não apenas contra a contaminação pelo vírus, mas é eficaz em evitar diversos tipos de câncer, especialmente para as mulheres.

Segundo os Centros de Controle de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o HPV está relacionado a 99% dos casos de câncer de colo do útero; 90% dos de ânus; 70% dos de boca e 40% dos de pênis.

No entanto, globalmente, mais de um quarto da cobertura alcançada em 2019 foi perdida. Segundo a OMS e o Unicef, apenas 15% das crianças receberam a primeira dose em 2021, ou seja, nem completaram o esquema vacinal. De acordo com a SBIm, até 15 anos o esquema é de duas doses, com seis meses de intervalo entre elas.

As organizações afirmam ainda que o declínio na cobertura de vacinas de rotina tirou o mundo do caminho em direção às metas globais. Porém, destacam bons exemplos, como Uganda, que manteve altos níveis de imunização, e Paquistão, que retornou às taxas pré-pandemia graças a esforços do poder público.

A nível global, porém, os níveis inadequados já têm provocado surtos evitáveis de sarampo e poliomielite no último ano, dizem as organizações, e o cenário não é animador. 

A cobertura com a primeira dose da vacina contra o sarampo caiu para 81% em 2021, também o nível mais baixo desde 2008. Isso significa 24,7 milhões de crianças sem a primeira dose da vacina, 5,3 milhões a mais que em 2019. Além disso, outras 14,7 milhões não receberam a segunda dose necessária.

No Brasil, em 2021, de acordo com dados do DATASUS, apenas 73,49% do público-alvo recebeu a primeira dose da vacina tríplice viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola, um dos menores percentuais desde que a série histórica teve início em 1994. Além disso, apenas 51,65% completou o esquema com a segunda aplicação. 

Neste ano, a tendência de queda se repete. Tendo já passado a campanha do ministério para o imunizante, apenas 41,40% recebeu a primeira dose e 27,25% a segunda.

Para concentrar esforços em mudar essa realidade, a OMS e o Unicef estão trabalhando com a Gavi, a Aliança para Vacinas, e outros parceiros para entregar a Agenda de Imunização global 2030 (AI2030) aos países. O documento envolve estratégias com metas estabelecidas na prevenção de doenças por meio da imunização.

“É de partir o coração ver mais crianças perdendo a proteção contra doenças evitáveis pelo segundo ano consecutivo. A prioridade da Aliança deve ser ajudar os países a manter, restaurar e fortalecer a imunização de rotina, juntamente com a execução de planos ambiciosos de vacinação contra a covid-19, não apenas por meio de vacinas, mas também de apoio estrutural adaptado aos sistemas de saúde que as administrarão”, disse Seth Berkley, CEO da Gavi, a Aliança para Vacinas.

Entre no  canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo.  Siga também o  perfil geral do Portal iG.

Fonte: IG SAÚDE

Propaganda
Advertisement