A carestia no prato do acreano; entre números e esperança

A carestia assola o Brasil, mas no Acre, a situação se agrava. A inflação, embora tenha apresentado quedas recentes segundo o IBGE, não reflete a dura realidade sentida pela população, especialmente em relação aos alimentos. A diferença entre inflação e carestia, embora conceitualmente distintas, se manifesta na mesa do acreano como uma única e amarga experiência.

Números que não mentem, mas também não confortam:

O IBGE aponta uma queda na inflação de alimentos em 2023 (1,03%) e uma taxa de 7,69% em 2024, após picos de 14,09% (2020) e 11,64% (2022). No entanto, a percepção popular é de que a carestia persiste, semelhante à sensação de insegurança que persiste mesmo com a redução de números de violência. Os dados, embora corretos, não capturam a experiência vivida.

A carestia acreana: um problema agravado:

A situação no Acre é ainda mais crítica. A renda per capita é menor que a média nacional, e a pobreza se manifesta de forma contundente: mais de 1.500 famílias aguardam inclusão no Bolsa Família, se juntando às 133 mil famílias já beneficiadas, que movimentam quase R$ 95,6 milhões mensais no estado. Este é o retrato da miséria, uma realidade que equilibra-se precariamente entre a assistência social e o caos social.

O peso da inflação acumulada:

O Dieese calcula uma inflação geral acumulada de 27% no governo Bolsonaro, com a inflação de alimentos chegando a 46%. Para famílias de baixa renda, como a maioria das acreanas, qualquer aumento percentual, sobre uma base tão alta, tem um impacto devastador. O aumento nos preços de carnes, leite e café, por exemplo, afeta diretamente a mesa dessas famílias.

A guerra dos bonés e a perda da esperança:

A polêmica dos bonés, com seus slogans políticos, revela a superficialidade do debate sobre a produção agrícola e o crescimento econômico. A discussão política, enquanto isso, ignora a realidade da população que luta diariamente contra a carestia, sem slogans, sem bonés, e, o pior, sem esperança. A carestia não é uma questão de números frios, mas uma crise humanitária que exige soluções concretas e urgentes.