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Campeão da Libertadores, Nelson ‘Patola’ vira motorista e sonha em voltar ao Vasco
Campeão da Libertadores pelo Vasco em 1998, o ex-jogador Nelson Araújo, conhecido pelo apelido de Nelson “Patola”, hoje é motorista de uma cooperativa. Em entrevista ao ge, o ex-volante relembrou momentos icônicos da carreira e revelou o sonho de voltar a trabalhar no Vasco.
Nelson conta que começou a trabalhar como motorista de aplicativo e depois conseguiu um emprego em uma cooperativa. Nos tempos em que trabalhou com o público na rua, por vezes, se deparava com torcedores que se lembravam dele.
“Teve um passageiro que foi muito engraçado. Eu estava levando ele para Campo Grande, e ele começou a falar do Botafogo: ‘Tinha um que eu gostava, ele era marginal (risos), metia a pancada, eu era fã, o Nelson’. Quando ele foi me pagar, eu perguntei se ele não estava me reconhecendo: ‘Eu envelheci, mas eu sou esse Nelson aí que você falou'”, disse à reportagem. O Botafogo foi o clube em que Nelson se profissionalizou e foi campeão da Copa Conmebol em 1993.
Com o ge, Nelson revisitou o estádio São Januário, casa do clube que permanece até hoje em seu coração, o Vasco. Por lá, o ex-jogador chegou a derramar lágrimas rememorar os dias de glória pelo time.
História antes do futebol
Com uma infância difícil, Nelson conta que ficou órfão aos 13 anos de mãe, sendo que já tinha perdido o pai aos 6 anos de idade. Assim, precisou seguir a vida com a irmã Maristela, um ano mais velha. Os outros irmãos, mais velhos, já estavam tocando a vida. Nessa época, Nelson lembra que precisava vender garrafas para comer.
Com seu primeiro salário, ainda como juvenil do Botafogo, gastou tudo em um açougue. Ele, que morava na Vila Kennedy, conseguiu como jogador ir morar na Tijuca e depois na Barra. Porém, assim como tantos outros jogadores de sua época, não enriqueceu, e, hoje, ele vive na Vila Kennedy.
Apelido e amor ao Vasco
O apelido de Patola veio em 1995, durante um jogo entre Vasco e Cruzeiro. A partida estava 2 a 0 para o rival, quando Nelson foi flagrado pelas câmeras de televisão apalpando o órgão genital do jogador Luis Fernando, que estava caído no gramado.
“Só sei que tomei uma pancada no joelho, aquilo doeu. Eu só olhei, naquele tempo ninguém filmava, dei-lhe uma patolada, segurei e tirei a mão”, relembra. A história rende boas risadas, principalmente porque depois do lance o Vasco virou e ganhou por 3 a 2.
O campeão chegou a trabalhar no futebol depois de deixar a carreira como jogador. Ele treinou o Ceres, clube do bairro de Bangu, em 2011, mas não se adaptou e deixou o cargo.
Nelson, porém ainda sonha em voltar ao futebol, mais precisamente ao clube que ama. “O Vasco é muito maior que esses administradores que vão passar. Todos eles que estiveram aqui, eu pedi emprego. E ninguém me deu. Mas sei que Deus vai abrir uma porta, eu vou voltar. Eu vivo isso. Eu me vejo com roupa do Vasco. Não é uma fixação, é uma realidade. Não importa a função, só quero ajudar o Vasco. Se não começar aqui, vou começar em outro lugar, mas ainda vou voltar aqui”, acredita.