Em 1988, o total do campo alagado chegava a 5,8 milhões de hectares; já em 2018 a área alagada foi de 4,1 milhões de hectares, 29% menor, conforme as informações da rede brasileira de dados e mapas. Já em 2020, o valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos.
Em razão das grandes variações de inundações no bioma, o problema pode ser muito mais grave, segundo diz o coordenador dos estudos do MapBiomas no Pantanal, Eduardo Reis Rosa.
“No final da série desses 36 anos, vemos esse ciclo de cheia mudando, e agora a gente passa por um período de seca que é a crise do extremo, extrema seca. […] Nos primeiros 10 anos de análise, o Rio Paraguai registrou um ciclo de inundação em mais meses do ano. A inundação no começo da série começava em novembro e ia parar em maio. Agora, na última grande cheia que ele teve, em 2018, praticamente só alagou de dezembro a janeiro”, disse.
Planalto e planície
Rosa explica que os dados sobre a água no Pantanal levam em consideração os afluentes do bioma e a Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BHAP), que engloba parte do Cerrado e da Amazônia, onde estão as nascentes dos rios da maior planície alagável do mundo.
O pesquisador destaca que a perda significativa na área de planalto, na BHAP, para a agricultura e pecuária faz com que os rios no Pantanal recebam sedimentos gerados pela pastagem.
“Quando você tira a vegetação natural, você deixa o solo mais exposto e suscetível a erosão. É extremamente necessário a adoção de técnicas de conservação e de manejo de solo. Essas áreas que têm o uso mais intenso, é uma área que gera esse sedimento quando vem chuva. A chuva leva esse sedimento pro rio, o rio acaba assoreando”, aponta Rosa.
Conservar as nascentes e os rios pantaneiros, de forma única, é a saída viável, diz Rosa. “Precisamos ficar atentos aos ciclos de inundação”, finaliza o pesquisador.