A combinação de fogo mais ventos fortes deixou ribeirinhos do Pantanal de Mato Grosso do Sul em desespero na madrugada desta segunda-feira (27). Famílias e animais domésticos foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros, pescadores naufragaram e teve morador que pulou no rio para escapar das chamas.
A situação foi tão crítica que Corumbá amanheceu escondida por fumaça. Mais militares seguem para a região, em três barcos, levando mantimentos e equipamentos para montagem de uma base para controlar as chamas que se alastraram por lá.
Conforme o Corpo de Bombeiros, uma família moradora da Bacia do Tuiuiú ligou no serviço de emergência dizendo que estavam “desesperados” porque o fogo tinha se aproximado, respiravam com dificuldade e que o vento estava forte.
Os militares seguiram para a região, distante cerca de 27 quilômetros da cidade, em meio ao fogo que havia passado de uma margem para outra do rio Paraguai, uma distância de 266 metros, por causa da ventania.
Primeira família
Após cerca de uma hora de barco, se depararam com um aceno de lanterna. Eles pararam e após 8 metros de barranco viram um cenário dramático: casa destruída pela queda de uma árvore e o fogo se aproximando.
Uma árvore caiu sobre a casa onde moravam uma idosa de 70 anos, uma mulher e um menino de 3. O fogo estava bem perto e o local cheio de fuligem. Para amenizar conseguirem respirar, a moradora molhou dois colchões, colocou a idosa e o neto embaixo deles, e ficou jogando água no que sobrou da residência.
A criança estava com a roupa toda molhada e teve que ir nua no barco, com coberta do Corpo de Bombeiros. Quatro cachorros e um gato também foram resgatados.
Naufrágio
Os militares seguiram para o resgate da família que havia ligado para o serviço de emergência e se depararam com outro pedido de ajuda: dois pescadores em um barco naufragado.
A embarcação dos pescadores virou com o vento forte, eles conseguiram nadar até a margem e foram colocados em segurança pelos bombeiros, que prometeram voltar quando voltassem do resgate de ribeirinhos mais para frente.
Segunda família
Quando os militares chegaram ao destino, se depararam com uma casa de palafitas, vegetação alta e fogo próximo. No local moram marido e mulher e duas crianças.
O homem ficou na casa, com a orientação de sair de barco caso ficasse em risco ainda mais eminente de risco. A mulher e os dois filhos foram resgatados.
Pulo no rio
A família então contou para os militares que mais adiante havia um morador também em risco. Os bombeiros foram para fazer o resgate e quando lá chegaram, o homem estava todo molhado e contou que havia pulado no rio para escapar do fogo.
Ele havia rodeado a casa com aceiro, o que impediu a chegada do fogo, fazendo com que acabasse. No entanto, o calor estava forte e havia muita fuligem. O senhor não precisou ser levado, mas se comprometeu a sair caso as chamas chegassem à casa.
Os bombeiros voltaram pelo rio em direção à cidade e os dois pescadores já estavam em segurança.
Área queimada
Segundo o Ibama, com base nos últimos dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no bioma Pantanal já foram queimados 1.157 mil hectares neste ano.
No Pantanal de Mato Grosso do Sul são 934.275 hectares e no de Mato Grosso, 221.850 hectares.
Para dar resposta o mais rápido possível a ribeirinhos e à natureza, os militares desenvolvem na região a operação Hefesto. São diversos bombeiros de várias unidades se revezando no combate ao fogo. Brigadistas do Ibama também trabalham no controle ao fogo, que, na semana passada, destruiu a casa de uma família ribeirinha e formou um ‘paredão’ de fumaça perto de uma escola.