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MUNDO

Entre peles, ossos e crânios: o exótico Arnold Putra que comprou mão e placentas de universidade da Amazônia fechou suas redes sociais

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O designer Arnold Putra da Indonésia, conhecido pelo exotismo e agora por receptar órgãos de universidade da Amazônia Foto: Reprodução

Pouco conhecido por aqui, o designer internacional Arnold Putra, da Indonésia, já fazia um estilo exótico bem antes de ser flagrado na compra de uma mão e três placentas de um pesquisador brasileiro da Amazônia.

Em sua estética e redes sociais, ele exibe um fascínio por peças orgânicas que leva ao pé da letra. Um dos casos mais famosos de objeto de desejo fashion de sua autoria é uma bolsa, cuja alça era nada mais nada menos que a coluna vertebral de uma criança vítima de osteosporose.

Aos detratores, Putra, que fechou seu Instagram depois do escândalo sobre sua aquisição irregular de itens humanos junto ao professor Hélder Bindá, da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), sempre disse que comprava os materiais de suas coleções de forma legal.

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A coluna da criança que virou alça de bolsa teria sido adquirida de um excedente médico, no Canadá. Assim, ele vinha angariando seguidores no Instagram que, entre devotos e pessoas chocadas com o estilo, já somavam 65 mil.

Arnold Putra e o item mais polêmico já feito por ele: bolsa com espinha vertebral humana e língua de jacaré Foto: Reprodução
Arnold Putra e o item mais polêmico já feito por ele: bolsa com espinha vertebral humana e língua de jacaré Foto: Reprodução

Além da bolsa de vértebras, houve a jaqueta com costelas humanas, que também deu polêmica. Claro que suas peças são quase sempre únicas. O exotismo do designer também fica evidente em suas próprias roupas e em inúmeras fotos que publicava. Numa delas, ele mesmo exibe seu gosto diferenciado não só pela moda mas também pela gastronomia, em situações como uma em que escolhe um cachorro ou morcego para degustar como iguaria.

Ontem, uma página dedicada à arte de Putra ganhou novos “haters”. Entre as perguntas mais repetidas, estavam as que seguiam mais ou menos este tom: “Quem são os doentes que compram a marca que este senhor assina? Só podem ser loucos e de péssimo gosto”. A resposta é: muita gente, Putra tem status de influencer. A jaqueta exclusiva, com “genuine human ribs”, teve tiragem limitada para 10 clientes. Cada um pagou algo em torno de US$ 30 mil.

Em seu catálogo, há ainda batas em tom fúcsia feitas com pele de cordeiro ou itens que apelam para a sensualidade, como uma capa transparente rosa. A modelo, que posou em Los Angeles, está nua vestida com a peça plástica chamada de burca porque também cobre o rosto da jovem.

Entre as imagens compartilhadas por Putra, são comuns cenas do dia a dia de povos originários de diversas partes do mundo usando “piercings” feitos de osso de tamanhos extravagantes que atravessam o rosto de lado a lado ou a língua.

Mas não é só porque o objetivo é mesmo chocar: uma das fotos que circula na internet, atribuída ao designer, é de um homem com o rosto atravessado por um cabo de revólver. Há ainda flagrantes de momentos sagrados de culturas ancestrais como hindus adorando cobras, na Índia, e rituais com crânios.

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Putra já teria estado em aldeia da etnia Yagua, próximo ao Vale do Javari, região do extremo oeste do interior do Amazonas. Lá ele teriam presenteado indígenas com objetos de grife. Um relógio, ele próprio citou, em tom de piada, numa de suas postagens, que era uma réplica de um original.

A Polícia Federal desconfia que ele podia trocar esses presentes por peças orgânicas, restos de pele ou ossos. Putra Putra é conhecido como “garoto rico do Instagram” porque sempre aparecia se exibindo com caros carros de luxo. De acordo com o jornal The Sun, ele seria um dos maiores colecionadores de veículos da Indonésia.

A Polícia Federal tem informações de que o designer, que recptou o material enviado do Brasil, também já teria feito o mesmo com outros países com finalidade de fazer artesanato, adornos e peças.

Há um mês, a revista Vice contou que Putra causou desconforto durante a Paris Fashion Week.  Ele teria ido a desfiles com um uniforme do grupo paramilitar de extrema-direita: a Pemuda Pancasila da Indonésia, milícia que atuou na década de 1960. O designer usou a roupa durante um show de Rick Owens no Palais de Tokyo.

O grupo Pemuda Pancalisa ficou famoso em 2012 pelo documentário “O ato de matar”, no qual o ex-chefe de um dos esquadrões da morte, Anwar Congo, reconstruiu as execuções em massa. Alguns artistas se manifestaram sobre o fato de personalidades como Putra ainda serem recebidas de braços abertos no mundo da moda. Há dois anos, em seu Twitter, o artista Tom Fraud chamou Putra de “epítome do mal”.

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