BRASIL
Família de brasileiro que morreu de catapora no Chile tenta evitar que ele seja enterrado como indigente
A família do fisiculturista Raphael Casanova, 38, está em uma batalha contra o tempo. Eles precisam conseguir realizar todos os procedimentos burocráticos para que o corpo dele, que morreu por catapora no Chile, seja liberado para o Brasil até o próximo dia 23 – data limite estipulada pelo hospital onde Raphael morreu, e onde seu corpo está no momento.
A irmã do brasileiro, Juliana Casanova, 31, conta que o hospital não permite a retirada do corpo sem um representante legal do irmão, ou seja, um parente. Juliana então explicou que eles criaram uma vaquinha online para arcar com os custos de contratar uma funerária no Chile para fazer o traslado do corpo.
“O nosso intuito era alguém ir lá. No caso, iria eu e minha mãe, mas os custos ficariam bem mais caros do que trazer. A vaquinha é mais para trazer mesmo o corpo”, contou ao Terra.
Para que a funerária faça a retirada do corpo no hospital é preciso ainda uma procuração legal. No entanto, o documento esbarra em mais uma dificuldade: a língua.
“Mais um problema na vida da gente por causa disso. Hoje a gente foi em alguns cartórios, e descobrimos que não é qualquer cartório que faz isso, porque a procuração tem que ser apostilada e ainda tem que ser traduzida”, explica.
Juliana contou ao Terra que o vírus da catapora pelo qual o irmão foi infectado não é tão comum quanto o que conhecemos, aquele que “dá em criança”. “A catapora que ele pegou é mais rara e pode ser letal”, disse.
Entre tantas burocracias e informações para lidar, Juliana conta que ela e a família sequer estão conseguindo sentir a dor do luto. “A gente ainda não está conseguindo sentar, chorar… A gente não tem tempo para ficar em casa sofrendo. No momento, o tempo é inimigo da gente”, desabafa.
Entenda o caso
Raphael Casanova teve o primeiro diagnóstico de catapora ainda em janeiro deste ano. Com lesões na pele, o fisiculturista chegou a achar que poderia estar com varíola dos macacos e buscou ajuda médica. No hospital, recebeu orientações para fazer um tratamento em casa com medicamentos.
Segundo a irmã, em janeiro ele ficou em isolamento, tomando medicação. Depois de sentir melhora e as lesões desaparecerem, ele voltou à vida ativa normal, inclusive, à rotina de treinos.
No entanto, entre o final de março e início de abril, Raphael voltou a se sentir mal.
“Ele ia no hospital, o médico examinava e dizia que ele estava com uma virose normal. Com o tempo, ele foi piorando. Até que ele passou mal e caiu na rua”, conta a irmã.
Nesse dia, Raphael foi levado para o hospital por pessoas que estavam na rua. Mais uma vez ele foi mandado para casa, onde deveria continuar o tratamento. Raphael só foi internado dias depois, após dizer à mãe que estava “muito debilitado” e “morrendo aos poucos”. Na ocasião, um amigo o levou à unidade a pedido da irmã, mas ele acabou não resistindo.