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‘Novo El Niño’: cientistas descobrem fenômeno que descrevem como ‘interruptor do clima’
Cientistas descobriram um novo padrão climático similar ao El Niño, que se inicia próximo à Nova Zelândia e Austrália e tem o potencial de causar alterações climáticas em todo o hemisfério sul. A descoberta, descrita como “um novo interruptor no clima da Terra”, foi publicada no Journal of Geophysical Research: Oceans.
O El Niño (Enso), conhecido por suas alterações periódicas nos ventos e correntes do Pacífico tropical, afeta o clima global a cada cinco anos em média, causando inundações, secas e outros distúrbios climáticos.
Agora, segundo a equipe internacional de pesquisadores que fez a descoberta, o Enso tem um novo irmão: o Novo El Niño. O fenômeno, batizado de “Onda Número 4 do Padrão Circumpolar do Hemisfério Sul”, ou SST-W4, emerge no sudoeste do Pacífico subtropical, afetando temperaturas e padrões climáticos no hemisfério sul, dizem os estudiosos.
Apesar de ocorrer em uma região relativamente pequena, o impacto desse novo padrão pode influenciar temperaturas oceânicas e atmosféricas, desencadeando uma reação em cadeia que altera o clima global.
Durante o estudo, cientistas simularam 300 anos de condições climáticas. Segundo o comunicado oficial, a pesquisa integrou componentes atmosféricos, oceânicos e de gelo marinho para criar uma representação abrangente do sistema climático da Terra. A partir dos dados gerados na simulação, os especialistas identificaram um padrão recorrente de variações da temperatura da superfície do mar no hemisfério sul.
Balaji Senapati, da Universidade de Reading, na Inglaterra, e autor da pesquisa, comentou que “essa descoberta é como encontrar um novo interruptor no clima da Terra”. Ele explicou que o estudo “mostra que uma área relativamente pequena do oceano pode ter efeitos de amplo alcance no clima global e nos padrões climáticos”.
O “novo El Niño”
O novo padrão climático tem início na região da Austrália e Nova Zelândia. Segundo Senapati, “o padrão climático funciona como uma reação em cadeia”, criando quatro áreas alternadas de aquecimento e resfriamento nos oceanos, formando um ciclo completo no hemisfério sul. “Quando a temperatura do oceano muda nesta pequena área, desencadeia um efeito cascata na atmosfera. Isso cria um padrão que viaja por todo o hemisfério sul, carregado por fortes ventos do oeste”, afirma o pesquisador.
Diferente do El Niño, que se origina nos trópicos, o fenômeno descoberto neste estudo começa em latitudes médias, mais ao sul do Equador. A mudança na temperatura dos oceanos também provoca alterações na temperatura da atmosfera e nos padrões dos ventos.
“Quando a onda atmosférica muda os padrões do vento, ela afeta a forma como o calor se move entre o oceano e o ar. Isso altera a profundidade da camada superior de água mais quente do oceano, o que pode tornar as mudanças de temperatura mais fortes ou mais fracas”, detalha o estudo.
Conforme aponta a pesquisa, o novo padrão climático no hemisfério sul ocorre independentemente da atuação do El Niño e da La Niña (fase de resfriamento das águas na região). “Isso sugere que [o fenômeno] sempre fez parte do clima da Terra, mas só foi notado recentemente”, destaca Senapati.